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Vacinar ou não: o dilema da febre amarela


Os recentes surtos de febre amarela no sudeste brasileiro levaram à intensificação das campanhas de vacinação, levando muitos pacientes aos postos de saúde em busca de prevenção. Entretanto, vale sempre ressaltar que antes da aplicação da mesma, deve-se sempre pesar os riscos e benefícios para cada paciente.

A vacina é um mecanismo de saúde pública indispensável e fundamental para o controle epidemiológico da doença. Dessa forma, a Organização Mundial da Saúde recomenda a sua aplicação para os residentes de áreas endêmicas e turistas que por ela transitarem. No Brasil, o Ministério da Saúde atualiza anualmente a lista dos municípios que possuem recomendação para vacina. Em 2017, infelizmente, a maior parte do território brasileiro possui essa indicação. No entanto, de modo geral, a área isenta é uma grande faixa ao longo do litoral, onde temos  uma grande densidade populacional.

Trata-se de uma vacina com alta eficácia e que promove uma proteção duradoura. Assim, desde julho de 2016, o reforço a cada 10 anos não é exigido para o Certificado Internacional de Vacinação, que passou a ter validade vitalícia. Contudo, uma vez que o seu mecanismo é de vírus vivo atenuado, sua aplicação pode causar efeitos colaterais graves e é contraindicada para pacientes com grave imunosupressão, alergia a proteína do ovo, grávidas e lactantes. Nesse último caso, o problema se dá por conta da transmissão do vírus através do leite materno, o que pode levar a criança a desenvolver a doença.  

Além disso, todos os imunizados correm o risco, embora baixo,  de desenvolver uma doença associada a aplicação da vacina, que pode ser neurotrópica (YELAND) ou viscerotrópica (YELAVD). Ambas podem ser muito graves. A YELAND é uma infeção do sistema nervoso central pelo vírus que é mais comum em idosos com mais de 70 anos e crianças, mas os casos diminuíram a partir da recomendação de não vacinar bebês abaixo dos 9 meses.

A YELAVD é comparativamente mais comum e se apresenta com os mesmos sintomas da febre amarela. Ela é mais frequente em idosos com mais de 60 anos e possui taxa de letalidade de 63%. Sua significância se dá porque, nos Estados Unidos, foram reportados mais casos de YELAVD do que de febre amarela adquirida por turistas.

Devido à situação epidemiológica do Brasil, é fundamental reforçar a importância do debate sobre os riscos associados à vacina, de modo a evitar que pacientes se esponham a um risco desnecessário por conta de um frenezi midiático. 



Referências 

017­5­8 Yellow fever ­ UpToDate
http://www .uptodate.com.secure.sci­hub.cc/contents/yellow­fever

Monath, T. P.  Yellow Fever. 
Disponível em: http://www.uptodate.com.secure.sci­hub.cc/contents/yellow­fever. Acesso em 11 de maio de 2017.

PORTAL BRASILEIRO DE DADOS ABERTOS.  Área com recomendação de vacina (ACRV) - Febre Amarela. Disponível em: https://dados.gov.br/dataset/febre_amarela_acrv. Acesso em 11 de maio de 2017.

Pimentel, I. Febre Amarela: Não compartilhe boatos. Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/febre-amarela-nao-compartilhe-boatos. Acesso em 11 de maio de 2017.