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Transmissão do vírus da Febre Amarela


Uma das formas mais eficazes de se precaver em relação a uma doença é conhecer os modos pelos quais ela pode ser transmitida. Isso é de extrema relevância, sobretudo na ocorrência de surtos, como aconteceu com a febre amarela no início de 2017 em vários Estados brasileiros.

Nesse sentido, o vírus da febre amarela possui ciclos silvestres em macacos, que atuam como hospedeiros amplificadores. O Homem é um hospedeiro acidental do vírus. Em áreas florestais, a transmissão é feita pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, e no meio urbano, o vetor é o Aedes aegypti. Consequentemente, vale frisar que não ocorre transmissão direta de pessoa para pessoa. Com efeito, para que isto ocorra, o mosquito deve picar uma pessoa infectada e, após a multiplicação do vírus, picar outra pessoa que nunca tenha tido a doença ou que não tenha sido vacinada. Por sua vez, o indivíduo infectado pode transmitir o vírus para o mosquito a partir do surgimento dos sintomas até o quinto dia da infecção, e o Aedes aegypti é capaz de veicular o vírus em outras pessoas entre 9 e 12 dias após tê-lo adquirido. Além disso, vale salientar que, como o vírus da febre amarela é um flavivírus, pode ocorrer a sua transmissão através da placenta, embora seja uma forma de transmissão incomum.

Diante disso, um aspecto que pode indicar o risco de um surto de febre amarela é o aparecimento de elevado número de carcaças de macacos mortos. Isso ocorre pelo quando há mais macacos morrendo do que predadores de macacos, que se alimentam das carcaças. Esse desequilíbrio evidencia a presença do vírus nas áreas silvestres.

Contudo, não se deve matar os macacos próximos às áreas urbanas. De fato, eles atuam como sentinelas e permitem o monitoramento do vírus, permitindo que medidas sejam tomadas de forma a prevenir o aparecimento de surtos. Nesse sentido, a ocorrência da doença em indivíduos, visto que o homem é um hospedeiro acidental, está relacionada com as atividades humanas que invadem a floresta e a destruição de áreas florestais. Neste caso, a diminuição dos ambientes naturais faz com que animais frequentem cada vez mais os centros urbanos, notadamente em busca de alimento e abrigo. Isso facilita a passagem do vírus de animais infectados para as pessoas.

Entretanto, embora ocorram surtos da doença, estes ainda se restringem às áreas silvestres. Com efeito, desde 1942, não foram notificados surtos urbanos de febre amarela no Brasil. Até agora não foi entendido como a doença ainda não voltou para os centros urbanos, visto que, desde a reintrodução do Aedes aegypti no Brasil, na década de 80, passou a existir um risco evidente do retorno da transmissão da febre amarela em áreas urbanas. Ademais, esse risco é ainda mais gritante já que um enorme número de pessoas vai para áreas endêmicas e volta para cidades, infestadas com o mosquito. Logo, se uma pessoa que frequentou a região de matas for contaminada, vier para região urbana e for picada pelo Aedes, todo o ciclo urbano da febre amarela pode ser reiniciado.


Referências

http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232014000300007

http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n2/a12v36n2

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-38578064

http://www.cives.ufrj.br/informacao/fam/fam-iv.html