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A fisiopatologia causada pelo vírus da dengue


O vírus da dengue multiplica-se no intestino médio do vetor e chega até as suas glândulas salivares. Após a picada do mosquito, inicia-se a replicação viral nas células estriadas, lisas, fibroblastos e linfonodos locais, a seguir ocorre a disseminação do vírus no organismo, infectando predominantemente células do sistema reticuloendotelial (baço, fígado e medula óssea), incluindo monócitos, linfócitos, células de Kupffer e macrófagos alveolares.

Apesar dos grandes avanços dos últimos anos para o entendimento da biologia do vírus do Dengue, os mecanismos pelos quais o vírus causa doença grave estão sendo esclarecidos. Uma complexa rede de interações entre fatores virais e do hospedeiro acabam por desencadear as duas principais apresentações clínicas da doença, a Febre do Dengue (FD) e a Febre Hemorrágica do Dengue/Síndrome do Choque do Dengue (FHD/SCD).

Em caso de reinfecção, o risco de FHD aumenta, segundo a teoria de Halstead, a qual pontua que um indivíduo previamente infectado com um dos quatro sorotipos da dengue produz anticorpos antivirais circulantes e não neutralizantes. Quando uma pessoa que já teve dengue é infectada por outro sorotipo, temos a chamada infecção secundária. O vírus é reconhecido no organismo pelos anticorpos não neutralizantes, mas a replicação não chega a ser inibida. O corpo forma um complexo antígeno-anticorpo, o qual é reconhecido pelos receptores em macrófagos e, então, neutralizado. Quando esse processo ocorre, o vírus fica livre para replicar-se, criando a amplificação imunológica. A penetração viral em um macrófago por opsonização seria facilitada. Desse modo, um grande número de cópias do vírus pode penetrar os fagócitos e replicar intensamente.

Durante uma infecção secundária, as células T em contato com macrófagos infectados tornam-se ativadas. Os linfócitos T ativados apresentam uma resposta imune inapropriada para um outro sorotipo devido à expansão clonal de células T, que apresentam reação cruzada a uma infecção prévia.

Estas células possuem baixa afinidade para o sorotipo do vírus causador da infecção, produção alterada de citocinas e consequentemente tornam-se ineficientes a eliminar o vírus, aumentando assim a viremia e contribuindo para o desenvolvimento da FHD.

A FHD é uma resposta imune do hospedeiro. Pode evoluir para cura ou caracterizar-se por uma produção excessiva de citocinas, o que causa o aumento da permeabilidade vascular. Essa permeabilidade resulta em extravasamento do plasma, que é a alteração de base fisiopatológica da dengue. Com a saída de água e proteínas para o espaço extravascular, pode ocorrer a hemoconcentração e choque hipovolêmico. O risco do paciente apresentar dengue hemorrágica é maior quando a segunda infecção é causada pelo DEN-2. 

Referências

http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3150
 
Goldman L,  Ausiello D. Cecil: Tratado de Medicina Interna. 22ªEdição. Rio de Janeiro:ELSEVIER, 2005.

http://www2.fm.usp.br/pfh/mostrahp2.php?origem=pfh&xcod=Dengue&dequem=Principal