Veja a estrutura, transmissão e manifestações clínicas da Chikungunya
A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), da família Togaviridae e do gênero Alphavirus. Estudos mostram que a maioria dos indivíduos infectados pelo vírus, cerca de 70%, desenvolve sintomas da doença. O percentual é significativo quando comparado às demais arboviroses. A doença persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações clínicas.
Transmissão
O CHIKV é transmitido principalmente pelo Ae. aegypti de habitat urbano de áreas tropicais e pelo Ae. albopictus, presente principalmente em áreas rurais. Em sido cada vez mais encontrado em áreas urbanas e periurbanas, mas pode haver também transmissão vertical, em caso de mães que adquirem chikungunya no período intraparto, as quais podem transmitir o vírus a recém-nascidos por via transplancetária. A taxa de transmissão, neste período, pode chegar até 49%, desses, cerca de 90% podem evoluir para formas graves.
Por conta disso, é importante o acompanhamento diário das gestantes com suspeita de chikungunya, e caso sejam verificadas situações que indiquem risco de sofrimento fetal ou viremia próxima ao período do parto, é necessário o acompanhamento em leito de internação.
Não há evidências de que a cesariana altere o risco de transmissão e o vírus não é transmitido pelo aleitamento materno.
A transmissão autóctone do CHIKV no Brasil foi detectada em setembro de 2014, na cidade do Oiapoque (Amapá). Provavelmente, essa introdução deveu-se à epidemia que ocorreu no Caribe, em 2013. Anterioremente, já havia ocorrido outras epidemias atingindo a África e a Ásia.
No decorrer do ano de 2014, foram confirmados 2.772 casos de CHIKV, distribuídos em seis estados no Brasil: Amapá (1.554 casos), Bahia (1.214), Distrito Federal (2), Mato Grosso do Sul (1), Roraima (1) e Goiás (1). Ocorreram registros também de casos importados, confirmados por laboratório, nos seguintes estados: Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Dados do Ministério da Saúde de 2015 revelam casos autóctones identificados no Amapá (735 casos) e na Bahia (778 casos), relacionados ao genótipo africano. Os últimos dados do Ministério da Saúde reportam 9.084 casos autóctones suspeitos de CHIKV, sendo que 3.554 foram confirmados, 123 por critério laboratorial e 3.431 por critério clínico-epidemiológico; 5.217 continuam em investigação.
Um fator importante é que uma vez caracterizada a transmissão sustentada de CHIKV em uma determinada área, com a confirmação laboratorial dos primeiros casos, o Ministério da Saúde recomenda que os demais casos sejam confirmados por critério clínico-apidemiológico.
Manifestações clínicas
Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos com os da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes podem estar acompanhadas de inchaço.
Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos com os da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes podem estar acompanhadas de inchaço.
A doença pode evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. Após o período de incubação, inicia-se a fase aguda ou febril, que dura até o décimo dia. Alguns pacientes evoluem com persistência das dores articulares após a fase aguda, caracterizando o início da fase subaguda, com duração de até três meses.
Quando a duração dos sintomas persiste além dos três meses atinge a fase crônica. Nestas fases, algumas manifestações clínicas podem variar de acordo com o sexo e a idade. Exantema, vômitos, sangramento e úlceras orais parecem estar mais associados ao sexo feminino. Dor articular, edema e maior duração da febre são mais prevalentes quanto maior a idade do paciente.
Tratamento e conduta
Em relação aos medicamentos, até o momento, não há tratamento antiviral específico para chikungunya. A terapia utilizada é de suporte sintomático, hidratação e repouso. Os anti-inflamatórios não esteróides (ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco, nimesulida, ácido acetilsalicílico, associações, entre outros) não devem ser utilizados na fase aguda da doença, devido ao risco de complicações renais e de sangramento aumentado desses pacientes. A aspirina e os corticosteroides também são contraindicados na fase aguda pelo risco de síndrome de Reye, caracterizada por manifestações de encefalopatia difusa associada a alterações hepáticas funcionais, e de sangramentos.
Todo caso suspeito de chikungunya deve ser notificado ao serviço de vigilância epidemiológica, conforme fluxo estabelecido em cada município. Já os óbitos suspeitos são de notificação imediata. Os profissionais devem comunicar às Secretarias Municipais de Saúde em até, no máximo, 24 horas.
O diagnóstico laboratorial consiste em sorologia, PCR em tempo real (RT‐PCR) e isolamento viral.
Referências
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_chikungunya_manejo_clinico.pdf
http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/amp/article/view/3409/2110
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